Sinais de disrupção no mercado de capitais?
Fiquei surpreso com um email que recebi esta semana de uma lista de empreendedorismo que eu faço parte. O fabricante de vinhos inglês Chapel Down Group, com capital negociado na bolsa de valores ICAP (CDGP:ISDX), lançou uma campanha para levantar capital na plataforma SEEDRS.

Venho acompanhando o SEEDRS desde o seu lançamento em 2009. Eles se classificam como uma plataforma de financiamento coletivo, com uma mecânica similar a outras mais conhecidas como o Kickstarter, exemplo norte-americano, ou o Catarse, exemplo aqui no Brasil. Porém o SEEDRS se diferencia pelo fato de recompensar os "investidores" com uma participação acionária na startup - é o chamado equity crowdfunding. Ou seja, você apoia o projeto com dinheiro, em contrapartida recebe uma espécie de participação acionária no negócio.

Este formato de financiamento coletivo ainda é super novo e controverso porque levanta diversas questões relativas a regulamentação associadas a práticas do mercado de capitais. Por outro lado, apesar destes desafios, a modalidade vem avançando em todo mundo - nos Estados Unidos um destaque especial pelos incentivos associados ao chamado JOBS Act.

Será que estamos começando a ver mais um sinal de unbunbling no Mercado Financeiro? O famoso investidor Fred Wilson havia mencionado explicitamente estes sinais na indústria bancária em 2012 na Leweb (busque no texto por Example 1: Banking). Seria arriscado demais dizer que está surgindo uma espécia de Bolsa de Valores com portas abertas para empresas nascentes? Como fica a questão da regulamentação? E os riscos associados a este tipo de investimento? Será que vamos testemunhar mais um fenômeno de disrupção em um mercado multi-bilionário dominado pelos grandes grupos que exploram os mercados de capitais?

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Luis Felipe Carvalho é professor do Departamento de Administração na Coordenação de Empreendedorismo da Puc-Rio. E-mail: luis.felipe@puc-rio.br